“O problema da falta de recursos humanos não é conjuntural, embora se agrave em ciclos económicos mais favoráveis”, refere, esclarecendo que este é um problema estrutural que tem como base a evolução demográfica. Assim, em termos europeus, o que é possível verificar é que existe um menor número de nascimentos por mulher em idade fértil e é quase difícil imaginar fluxos positivos em dimensão que consigam compensar a quebra da população.
A CCP acredita que Portugal não tem capacidade financeira para aumentar significativamente as prestações sociais de incentivo à natalidade, como os países do norte e do centro europeus, e o que fizer nesse sentido só terá efeito, no mínimo, numa geração. Até porque se assiste ainda a uma grande concorrência entre países europeus para a captação destes trabalhadores, tendo Portugal desvantagens a nível salarial e de oferta digna de habitação.
Na ótica da confederação, a existência de saldos migratórios positivos será, durante muitos anos, a solução para enfrentar o problema, mas, para isso, é importante que o governo acelere os mecanismos em curso, nomeadamente com os países de língua portuguesa.
À problemática da falta de mão de obra junta-se o facto de existir uma população ativa envelhecida: mais de 22% da população ativa tem 55 ou mais anos, fator que influencia a produtividade e a capacidade de adaptação às alterações devido ao progresso tecnológico.
“Assistimos ainda a mudanças expressivas na forma como a população mais jovem equaciona o trabalho, com reflexos na sua indisponibilidade para setores de atividade que implicam uma organização flexível do tempo de trabalho, designadamente ao fim de semana”, acrescenta.
Para o presidente da CCP, possíveis soluções que visem minimizar estes problemas exigem um adequado equilíbrio entre políticas: macroeconómicas, salariais e do mercado de trabalho, de saúde e segurança, de habitação, entre outras.
Em suma, a confederação defende que, face à importância do problema da falta de mão obra e da evolução rápida das operações eletrónicas, da automação dos pontos de venda e da necessidade de baixa do consumo energético, é necessário refletir e estudar as reduções dos horários extensivos de abertura do comércio e serviços como uma das áreas essenciais para dar uma resposta a esse desafio.
Fonte: Store Magazine