O presidente da APED, José António Nogueira de Brito, preconiza menos e melhores mudanças legislativas. Na primeira entrevista desde que assumiu a presidência da Associação, defende que as empresas do sector enfrentam um verdadeiro “tsunami” regulatório com origem em Bruxelas. E afirma que o reconhecimento do papel social da Distribuição e Retalho é insuficiente, considerando que faria falta um maior envolvimento na construção dos projetos legislativos.
Sustentabilidade, digitalização e desenvolvimento de competências e talentos. São estas as três áreas-chave para as quais devem ser canalizados os investimentos dos retalhistas e grossistas. É este o entendimento da diretora-geral do EuroCommerce, Christel Delberghe, que revela, em entrevista, a prioridade de obter um maior reconhecimento do papel que o setor desempenha na prestação de um serviço que qualifica como essencial. E urge os decisores políticos a resistirem à tentação de regulamentar todos os elementos da economia e a diminuírem as exigências e requisitos impostos às empresas.
Mais do que uma responsabilidade da indústria têxtil, a sustentabilidade é um desígnio de toda a cadeia de valor da moda e compromete todos os elos, da agricultura à química, da distribuição ao consumidor. É esta a visão do diretor-geral do CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário, António Braz Costa, numa entrevista em que se mostra convicto de que a transformação é inevitável, ainda que não aconteça sem dor. Peça fundamental dessa mudança é o legislador, nomeadamente a nível europeu, por via da introdução de restrições à entrada de produtos oriundos de países que não respeitam as boas práticas ambientais e sociais.
A diretora de sustentabilidade da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), Cristina Câmara, defende que o setor da Distribuição está na linha da frente na adoção das melhores práticas de sustentabilidade. Assume, porém, a ambição de ir mais além, agregando cada vez mais empresas a esses objetivos, nomeadamente ao Roteiro para a Descarbonização. E lamenta que, muitas vezes, as alterações legislativas sejam comunicadas em cima da hora e não tenham em conta as dificuldades de implementação, alertando para a necessidade de garantir a previsibilidade legislativa e das políticas públicas com impacto nos modelos de negócio.
Diversidade e paridade são fundamentais para as empresas, defende Lynda Gratton, professora de Práticas de Gestão na London Business School e uma das conferencistas do APED Retail Summit 2023. Aponta a inércia como o maior desafio para a paridade de género, sustentando que muitos são os líderes que estão dispostos a apoiá-la em teoria, mas poucos a põem em prática.
Coragem. Esta é uma palavra transversal à visão de Paul Polman, gestor, autor e consultor e um dos conferencistas do APED Retail Summit. Focado em proporcionar às empresas as ferramentas para a transição dos negócios para um modelo sustentável, defende que a geração de líderes capaz de abraçar esta mudança com sucesso tem de ouvir também o coração. Tem de falar para todos os stakeholders e não apenas para os acionistas, tem de olhar para o impacto de toda a cadeia de valor e tem de forjar parcerias ambiciosas. A liderança corajosa, diz, é o que falta para concretizar este paradigma. E precisa subir mais do que o nível das águas do mar.