O EuroCommerce olha com apreensão para o recente ritmo da atividade regulatória, alertando os governos para as dificuldades que as empresas enfrentam e para a necessidade de apoio que lhes permita sobreviver e superar os custos de oportunidade gerados por dois anos de pandemia e por uma guerra na Europa. É esta a visão partilhada pela diretora-geral, Christel Delberghe.
Se quiserem sobreviver e ser prósperas, as empresas têm todo o interesse em comportarem-se de forma responsável. É esta a convicção da presidente do GRACE, Margarida Couto, que rejeita liminarmente a leitura de que o framework ESG seja um ataque à economia de mercado. Neste caminho que o tecido empresarial tem de percorrer – por convicção ou obrigação – encontra no retalho uma consciência acrescida. Mas também desafios muito específicos, relacionados com as pessoas e o que a associação define como o futuro do trabalho.
Recriar o papel do Conselho Económico e Social. É esta a missão e ambição do presidente deste organismo consultivo, Francisco Assis, que se propõe valorizá-lo como produtor de conhecimento e promotor do debate nacional. Como prioridades do seu mandato, elenca a reflexão sobre as questões da produtividade e do crescimento da economia. A este propósito, alerta para o facto de o salário médio ser baixo, defendendo a criação de condições para aumentos salariais, uma forma de impedir a hemorragia da saída de jovens qualificados.
Verde e digital. Estes são os dois pilares em que assenta a estratégia de crescimento da União Europeia e, por conseguinte, o rumo a seguir também por Portugal. É, pois, em torno destes dossiers que se desenvolve muito do trabalho da Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE), cuja titular, Fernanda Ferreira Dias, reconhece que a transformação das empresas portuguesas para corresponder a este duplo desafio é difícil, mas inevitável. Sobre o retalho, evidencia o grau de digitalização, mas também as boas práticas dadas em matéria de sustentabilidade.
O setor está a sofrer uma transformação “massiva”, ao nível digital e da sustentabilidade, e depara-se com desafios relativos ao mercado único e à livre concorrência. Estes são os desafios apontados como prioritários pelo novo presidente do EuroCommerce, Juan Manuel Morales, que assumiu o mandato a 1 de julho. “Precisamos que o mercado único reconstrua a nossa economia e estimule o crescimento, e esta não é certamente a altura de fechar e dividir mercados, na Europa e ao nível mundial”, sustenta o primeiro espanhol no cargo. A ambição é ajudar a organização a ter uma visão mais completa do cenário europeu do comércio retalhista e grossista.
A transição digital representa uma oportunidade para as empresas nacionais, nomeadamente do retalho, por via da criação de incentivos. É esta a visão do secretário de Estado para a Transição Digital, André de Aragão Azevedo, que entende que as retalhistas vão beneficiar do Plano de Recuperação e Resiliência. Considera inegável que a pandemia acelerou o e-commerce e defende que o setor terá de se adaptar a esta nova mentalidade e a um novo modo de compra. “Aqueles que melhor e mais cedo se prepararem terão maior potencial de crescimento e de internacionalização”, sustenta.