Em entrevista à Store Magazine, Miguel Comporta traça o perfil desta área de negócio:
Store | Qual o enfoque da edição deste ano da PaperGift?
Miguel Comporta | O principal enfoque da PaperGift é celebrar a união do sector num ano de todas as dificuldades, é o reforço da feira como a única do mercado ibérico que reúne as melhores marcas a nível internacional nos sectores que anuncia.
Esta edição está de parabéns pois conseguiu evidenciar que existe muita força de vontade e resiliência quer nas empresas de cariz industrial, quer naquelas que representam gigantes mundiais no mercado nacional em não deixar cair o negócio em Portugal. A PaperGift juntou-se a estas empresas partilhando riscos e sucessos, felicitando-se pelo retorno à exposição de empresas que marcam posição no panorama nacional e no estrangeiro e pela captação de empresas de Espanha que reconhecem neste o espaço de todos os profissionais que querem estar na vanguarda.
Store | Que potencial tem para as empresas em termos de projeção do setor e, sobretudo, de negócio?
MC | Todas as feiras são espaços de crescimento das empresas nas relações negociais, na interatividade das pessoas, na recolha de contributos de proximidade do cliente e na projeção da marca da empresa que de outra forma não se atinge. A PaperGift é uma feira que vive das tendências, qualidade, design, material, preço, novidade ou exclusividade que se reaviva anualmente em cada estação, como é o caso do back to school, das artes plásticas ou da época natalícia, altura em que se vê um pouco por todo o país no retalho o que já foi novidade na feira.
O espaço vive salutarmente de um grupo de empresas, não muito grande, porém à dimensão do sector em Portugal, com uma capacidade e solidez característica dos seus empresários esforçados, e que têm projetado a imagem do país em várias presenças internacionais, adquirindo conhecimento e projeção que os distingue junto dos clientes. Mas que não se engane aquele que pensa que o espaço não se mede por competição aguerrida, cada um procurando marcar o seu território no espaço da feira, que reflete, afinal, o seu espaço no mercado. Também isto, no entanto, se considera extremamente positivo e com reflexos de crescimento para o cliente, que sabe disso tirar a melhor oportunidade negocial.
Para o sector o negócio faz-se como todos ao longo do ano, mas é na feira que o sector de encontra ano após ano, com novos conteúdos e num contacto "face-a-face", que permite "o link" emocional entre marca e o seu mercado, parceiros, colaboradores e concorrentes, com a grande vantagem de não precisar de grandes investimentos para que se obtenham resultados elevados.
Store | Este é um mercado ainda muito tradicional ou tem-se assistido a alguma inovação?
MC | Pode-se pensar "o que mais pode haver de novo no negócio da pasta de arquivo, no caderno ou no lápis?", mas é por isso que cada novidade é sustentada por um halo de inovação como poucos outros sectores. Veja-se o caso dos lápis ecológicos, feitos com materiais que reduzem muito a destruição massiva de floresta, os cadernos agrafados que abrem a 180º, o papel que incorpora sementes que desabrocham, a extensa e sempre surpreendente forma de trabalhar cortiça na marroquinaria, arquitetura e design, ou até no nicho de mercado de novidade das marmitas para o almoço com design, entre muitos outros possíveis exemplos.
Quem gosta de comprar material escolar, de escritório, materiais de artes plásticas ou decorativa ou artigos de escrita nunca deixará de pensar que cada edição não é mais do mesmo, mas felizmente há muito de tudo e sempre melhor. O que faz o bom cliente é ainda saber procurar os pequenos detalhes, apreciá-los e levá-los consigo, para depois os oferecer aos seus clientes.
É preciso relembrar que quem está por trás destas empresas a expor são gigantes mundiais, cujas marcas vivem de sofisticada investigação e preocupações ambientais. São as grandes marcas que conhecemos de todos os dia, com as quais aprendemos, na escola ou no trabalho, com as quais manuseamos materiais de artes ou que damos plasticinas a brincar aos nossos filhos sabendo que eles não se intoxicam se as colocarem na boca.
Seja como for, este sector tem também evoluído e atraído novos talentos. Por isso nesta edição a organização decidiu apoiar também os empreendedores deste sector e como tal a PaperGift contará com o espaço 'Pull UP', destinado a apoiar micro e pequenas empresas (start ups, incubadoras, trabalhadores independentes ou pequenos empreendedores de novos nichos de mercado) de todos os sectores em exposição e que se pretendem dar a conhecer e testar a sua recetividade e alavancarem o seu negócio no mercado, expondo-se na única feira da Península Ibérica que reúne a generalidade dos seus potenciais clientes.
Store | Tendo em conta que é dominado por PME, que ferramentas pode a feira oferecer a estas empresas para se afirmarem?
MC | Aquilo que pelos seus meios teriam maior dificuldade em conseguir sozinhas. Falamos de bolsas de compradores quer nacionais quer internacionais, na criação de parcerias que participam na feira e cujas ofertas ultrapassam o espaço temporal da mesma, de projeção internacional nos mercados com potencial comprador e de alimentar por meio de divulgação regular uma proximidade e constante interesse por via da comunicação do que estas empresas vão fazendo um pouco por todo o país e fora de portas, fortalecendo a sua imagem, na comparação com os pares de negócio e com os que fazem deles seus mestres. Ou seja, contrariamente ao que se possa pensar, a feira não se encerra em quatro dias de exposição direta. Esta vive durante o ano nos fluxos originados no espaço e na capacidade de os otimizar, ativando-os mais tarde, pelo follow-up dos contactos iniciados no espaço, em negócios de médio e longo prazo.
A PaperGift tem também como objetivos estimular a criatividade, aumentar a conetividade e partilhar conhecimentos, tendo sempre em conta os custos e ROI (Return on Investment) para os nossos clientes.
Para além disso, com vista a apoiar as empresas que participam na PaperGift nos seus esforços de internacionalização, a AIP – Feiras, Congressos e Eventos promoverá ao longo do ano de 2013 diversas ações de participação em feiras, missões de prospeção e organização de bolsas de importadores.
Store | Que potencial de exportação têm as empresas nacionais do setor e para que mercados?
MC | Têm potencial, já conseguido por alguns, em vista de acontecer por outros.
As empresas da PaperGift já vão sozinhas aos mercados. Já participam pelos seus meios em feiras internacionais e já ombreiam com players internacionais. Têm também alguma expressividade nas vendas através de tradings que em Portugal representam interesses de clientes externos que se renderam à reconhecida qualidade dos produtos, empresas e capacidade de resposta nacionais.
É o caso da Paperworld – Frankfurt onde estão representadas anualmente cerca de 15 empresas portuguesas, com capacidade produtiva e condições de competitividade, baseadas essencialmente no design ou na qualidade diferenciadora do produto. É o caso da Toy Fair em Nüremberg onde estão empresas portuguesas de brinquedo. É ainda o caso das presenças em Cabo Verde, Moçambique, Angola ou com exportações para outros mercados como o Brasil, Norte da Europa, Mali, Argélia, Marrocos, EUA e claro, maioritariamente, no mercado espanhol.
Fonte: Store Magazine