segunda-feira, 08 janeiro 2018 16:54

Sustainable Retail Summit é em Lisboa: "Retalho português na vanguarda"

“Portugal tem uma comunidade de retalho dinâmica, que está na vanguarda ao enfrentar questões como as mudanças climáticas, a transparência da cadeia de abastecimentos e a saúde e bem-estar”. Motivos mais do que suficientes para, segundo Ignacio Gavilan, diretor de sustentabilidade ambiental do The Consumer Goods Forum (TCGF), Lisboa ter sido escolhida para acolher a próxima edição da Sustainable Retail Summit.

 

O diretor do TCGF revela estar ansioso por “reunir a indústria mais uma vez para discutir as questões urgentes para o setor de bens de consumo”. “No futuro, esperamos ver mais colaboração entre as empresas FMCG e os stakeholders externos, como ONG, grupos de ativistas e organizações governamentais, e estaremos interessados em ouvir os resultados em Portugal no próximo ano”, diz.

A organização espera que a economia circular se torne um tema relevante. E “haverá discussões acerca de como tendências como o desperdício alimentar, a migração e a nutrição interagem”.

“A educação do consumidor estará provavelmente na agenda, mas também a investigação, a rastreabilidade e a transparência deverão ser temas dominantes”, prevê. “À medida que a tecnologia avança, esperamos que mais empresas implementem o poder do Big Data para melhorar e monitorizar as suas cadeias de abastecimento, reportando os resultados a acionistas, investidores e clientes. Mal podemos esperar pela edição do próximo ano e estamos ansiosos para saber mais sobre os projetos concretizados pelo setor e, mais especificamente, para ouvir o que os nossos membros locais estão a fazer”, adianta.

Sobre a edição deste ano: mais de 230 empresários, de 26 países, reuniram-se para discutir o papel dos negócios nos desafios atuais mais urgentes, nos dias 2 e 3 de outubro, em Montreal (Canadá).

Em foco estiveram três temas principais: a redução do desperdício alimentar, a eliminação do trabalho forçado; e a promoção de estilos de estilos de vida mais saudáveis entre os consumidores. Oradores de gigantes da indústria alimentar e de bebidas, como a Tesco, a Marks & Spencer, a Mars, a Unilever, a McCain e a Danone, para citar apenas alguns, discutiram as melhores abordagens estratégicas e os principais obstáculos a superar. “Houve consenso quanto ao facto de, nas economias desenvolvidas, a maioria do desperdício alimentar ocorrer durante o consumo, enquanto em Estados menos avançados o fenómeno tende a verificar-se mais cedo na cadeia de abastecimento”, nota Ignacio Gavilan. “Há, no entanto, razões para otimismo”, diz.

“Registaram-se desenvolvimentos importantes na discussão, alavancados, nomeadamente, no relatório da Campbell Soups sobre desperdício alimentar, no investimento da Wallmart na pesquisa de formas de reduzir o desperdício alimentar, bem como na referência do TCGF para a padronização de rotulagem de alimentos. A verdade é que um terço de todos os alimentos é desperdiçado a cada ano. Os oradores salientaram que ação coletiva, a transparência e a medição precisa serão cruciais para enfrentar o problema”, acrescenta.

Outro tema-chave foi o trabalho forçado. “É uma questão complexa e profundamente enraizada, que pode ser, por vezes, muito difícil de detetar”, considera. “Mais uma vez, as empresas concordaram na necessidade de serem totalmente transparentes acerca das práticas da cadeia de abastecimento. A questão está a tornar-se cada vez mais importante para consumidores, reguladores e investidores; todos estes agentes iriam afastar-se das marcas se descobrissem práticas de trabalho exploratórias”.

Este responsável aponta também o consenso sobre os princípios das prioridades da indústria a nível de trabalho forçado, as quais estipulam que todos os trabalhadores devem ter liberdade de movimento, que nenhum trabalhador deve pagar por um emprego e ainda que nenhum trabalhador deve ser obrigado ou coagido no trabalho.

O terceiro tema-chave da conferência foi a necessidade de incentivar estilos de vida mais saudáveis entre os consumidores. “Os oradores concordaram que há uma forte oportunidade de negócio na promoção de estilos de vida mais saudáveis, na medida em que as pessoas saudáveis tendem a ter maior poder aquisitivo”, comenta.

“As empresas precisam investir em campanhas de marketing que enfatizem a importância de dietas equilibradas e do consumo moderado. Além disso, a necessidade de marketing responsável foi reforçada. O setor não deve, por exemplo, tolerar publicidade dirigida às crianças”, afirma.

O diretor de sustentabilidade ambiental do TCGF considera, pois, que a indústria não se pode dar ao luxo de tornar-se complacente. “Foi enfatizado que a ação coletiva e a colaboração entre governos e organizações não governamentais serão necessárias para alcançar resultados sustentáveis e de longo prazo”, refere.

Ignacio Gavilan entende que o retalho enfrenta múltiplos desafios. Primeiro, a sustentabilidade está a tornar-se cada vez mais importante para os reguladores e para os consumidores, e as empresas que não se conseguirem adaptar podem perder negócio. “O setor precisa de incluir refrigerantes não poluentes, energias renováveis em fábricas e enfrentar o desperdício de alimentos”, diz. “A disrupção digital também é um obstáculo potencial; as principais marcas correm o risco de ficar para trás, a menos que aproveitem o poder do Big Data, da inteligência artificial e machine learning para abordar questões como práticas de trabalho exploradoras”. Além disso, afirma, “há uma crescente pressão sobre o setor de bens de consumo para investir na promoção de estilos de vida mais saudáveis. O consumidor moderno não deseja apenas um produto que lhe dê satisfação imediata, quer benefícios de saúde duradouros”.

 

sd@briefing.pt

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