As empresas norte-americanas continuam a dominar o ranking: além da Wal-Mart, que lidera a lista desde que ela foi criada, os Estados Unidos colocam outras seis empresas no Top 10 deste ano e um total de 77 no Top 250. A presença europeia volta a cair no ranking deste ano, com 82 empresas no Top 250 (85 na edição do ano passado, 93 na do ano anterior). Recorde-se que o ano de 2015 assistiu a uma forte desvalorização das principais divisas do nosso continente, nomeadamente o euro e a libra inglesa, face ao dólar.
Os retalhistas europeus continuam, contudo, a ser os mais ativos na expansão fora do seu mercado doméstico, tendo realizado perto de 41% do seu volume de negócios em mercados externos, quase o dobro da média do ranking global.
Da análise do ranking deste ano gostaria de destacar três pontos. O primeiro é a ascensão da Amazon, empresa fundada apenas em 1994, aparentemente imparável, que surge este ano no 6º lugar, antes ainda da consolidação da aquisição da Whole Foods, efetuada em Julho passado. Outro gigante do retalho online, a chinesa JD.com, ascende este ano ao 28º lugar do ranking, fruto de um crescimento médio, nos últimos 5 anos, superior a 60%.
O e-commerce é hoje a principal fonte de crescimento do retalho, em particular o comércio realizado via mobile. Além de um canal de compra, os dispositivos móveis são sobretudo o principal veículo de influência de todas as jornadas de compra, físicas ou digitais, ao capturar uma quota da atenção e do tempo do consumidor cada vez maior. Não estará longe o dia em que todos os consumidores estarão conectados em todo o momento.
Em segundo lugar, destaco a perda de influência do formato big box, evidenciada por nova queda no ranking dos seus principais representantes Carrefour e Tesco. Estes dois retalhistas europeus, que há apenas 5 anos partilhavam o pódio mundial com a Wal-Mart, ocupam este ano a 9ª (Carrefour) e a 11ª (Tesco) posições na lista dos maiores retalhistas mundiais.
Por último, note-se a evolução extremamente positiva das duas empresas portuguesas presentes no ranking, Jerónimo Martins e Sonae, tendo ambas subido 8 lugares. A Jerónimo Martins (JM) é hoje o 56º maior retalhista mundial, a sua melhor posição de sempre, fruto de um crescimento de cerca de 6,5% no seu volume de negócios para o qual contribuíram todas as geografias e insígnias do grupo. A Sonae ascendeu ao 167º lugar, tendo os proveitos gerados pelo negócio de retalho ultrapassado pela primeira vez a fasquia dos 5 mil milhões de Euros. Face ao ano anterior, as vendas cresceram mais de 12%, fruto de crescimento orgânico e de aquisições como a Salsa e o Go Natural.
O retalho vive hoje um ambiente competitivo em constante evolução, em que as vantagens de localização, escala, produto e preço se esbatem face a novos modelos de entrega de valor suportados em tecnologias digitais. Para se manterem relevantes, cada vez mais os retalhistas físicos procuram criar experiências de consumo distintivas, personalizadas e consistentes com os seus valores de marca. Se não conseguirem envolver e entusiasmar o consumidor, vencerá sempre o preço mais baixo. Sempre.
As empresas presentes na lista são um grupo diverso, que vai de discounters alimentares a especialistas de luxo. Todos os anos parecem surgir novos formatos, novas tecnologias e novas soluções para servir um consumidor cada vez mais exigente e difícil de fidelizar.
Num setor em elevado ritmo de mudança, fazer mais do mesmo parece ser a única opção sem futuro.
Pedro Miguel Silva, Associate Partner da Deloitte
Fonte: Store