quinta-feira, 31 março 2022 11:36

José Nogueira de Brito: Os desafios do EuroCommerce para os próximos três anos

O vice-presidente da APED e Chief Commercial Officer e diretor de Relações Institucionais do Grupo Jerónimo Martins, José Nogueira de Brito, aborda aqueles que considera serem os principais desafios do novo mandato do EuroCommerce, de cujo Board é membro.

Começou em julho passado um novo mandato trianual do EuroCommerce, agora presidido por Juan Manuel Morales e com um novo Board of Directors eleito em novembro (onde para além de dois retalhistas portugueses, a APED tem agora também assento). Este mandato teve início num momento em que o retalho, nomeadamente o alimentar, se dúvidas houvesse, confirmou ser crítico para a sociedade, tendo conseguido assegurar a distribuição aos consumidores de produtos essenciais durante a crise pandémica.

Quando olho para os desafios que o EuroCommerce irá encontrar no triénio, não posso deixar de ter em conta a disrupção causada pela pandemia, os seus impactos na mobilidade e a importância vital de evitar perturbações na cadeia de abastecimento às populações, promovendo uma resposta global e célere, num momento em que a capacidade de adaptação e a agilidade de todo um sector foram postas à prova de forma inesperada e intensa. Ainda assim, e apesar do grande impacto da pandemia, os desafios são bastante mais amplos:

Como o novo presidente bem recordou, o EuroCommerce representa o sector que é o maior empregador privado da Europa e que é também nuclear para as comunidades locais. Mas o retalho é também um sector que opera com margens baixas e que tem sido muito pressionado pelos reguladores, e nem sempre valorizado pelos decisores. Temos de trabalhar para mudar esta realidade.  

A defesa do mercado único europeu é uma premissa e um desígnio do EuroCommerce, pela sua importância para o crescimento económico e para a geração de emprego. Quaisquer barreiras que lhe sejam criadas devem ser monitorizadas e, se necessário, enfrentadas e combatidas.

Por outro lado, num sector que nos últimos anos se tem vindo continuamente a adaptar para operar de forma sustentável e para promover hábitos de vida, cabe à associação que o representa a nível europeu pugnar por uma forma equilibrada, justa e inclusiva de avaliação das responsabilidades na agenda da sustentabilidade, quer ao nível do retalho alimentar ao longo de toda a cadeia de valor, quer ainda numa perspetiva mais global, através de acordos com as restantes regiões do planeta.

O EuroCommerce apoia, na sua generalidade, a Estratégia do Prado ao Prato, tendo subscrito, em Julho, o Código de Conduta da UE sobre Práticas Empresariais e Comerciais Responsáveis, uma das suas primeiras materializações (sendo um retalhista português, Jerónimo Martins, um dos primeiros cossignatários do Código). Ainda assim, há questões que devem ser acauteladas a bem da defesa da livre circulação de produtos e do mercado único (como a prevenção do alargamento do leque de produtos sujeitos ao MCOOL - mandatory country of origin labeling) e também de forma a que alguns dos desafios que se avizinham não resultem em perda de produtividade e em disrupções do mercado (que poderiam, no limite, traduzir-se na menor disponibilidade de produtos e num aumento generalizado dos preços). A muito ambiciosa meta de estender a agricultura biológica a 25 % das terras agrícolas nos estados-membros até 2030, por exemplo, torna essencial que sejam assegurados mecanismos de financiamento e processos de transição para os pequenos produtores, que terão maiores dificuldades de adaptação.

Vejo ainda como oportuna a contribuição do retalho para o desenvolvimento do Pacto para as Competências, bem como a promoção a nível europeu do retalho e do seu papel na criação de valor. O reconhecimento do retalho alimentar como um dos ecossistemas essenciais aos planos de recuperação económica no âmbito do Next Generation EU é prova do bom trabalho desenvolvido pelo EuroCommerce em Bruxelas.

É reforçados pelo reconhecimento que temos sentido por parte da sociedade, pela relevância que o sector assume e pela responsabilidade que daí advém, que, no EuroCommerce, encaramos os próximos três anos e os desafios que se avizinham.

 

Fonte: Store

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