segunda-feira, 11 julho 2022 13:04

Qual foi exatamente o impacto da Covid-19 nos níveis de emprego do setor?

O managing director da Manpower, Vítor Antunes, analisa os dados de uma pesquisa para explicar os números do emprego no retalho, o segundo setor mais afetado pela pandemia de Covid-19 no País.

"O retalho sempre foi um dos principais dinamizadores do mundo do trabalho em Portugal, e foi dos setores mais impactados pela pandemia. Qual foi exatamente o impacto da Covid-19, nos níveis de emprego do setor?

Analisando os dados do “Manpower Employment Outlook Survey”, vemos que, de 2016 até ao primeiro trimestre de 2020, a intenção do setor era de contratação. A média trimestral era 10% de criação líquida de emprego. Daí e até ao final de 2021, essa média foi negativa, com os empregadores a revelarem a intenção de diminuir a sua força de trabalho em 2% a cada trimestre.

Estes números fazem do retalho o segundo setor mais afetado pela Covid-19 em Portugal, logo a seguir à restauração & hotelaria. Internacionalmente, o panorama foi idêntico: o retalho passou de uma intenção de contratação de 10% para uma intenção de contratação de 2%. 

Os alarmes soaram e o setor reagiu, adaptando os seus modelos de negócio, os seus processos operacionais, adotando novos canais de relacionamento com os clientes e investindo na transformação digital do seu negócio, com o crescimento das lojas online. Quanto? De acordo com o “Relatório Europeu de Comércio Eletrónico”, a percentagem de portugueses que efetuaram compras online passou de 51% pré-Covid para 60% no final de 2021. O volume de vendas online cresceu de seis biliões para 8,5 biliões de euros, atingindo 4,43% do PIB português (que compara com 3,21% pré-Covid). 

A retoma do setor tem vindo a materializar-se num maior otimismo. As primeiras projeções para a criação líquida de emprego em 2022 apontam para 46% em Portugal. O número no resto do mundo é ligeiramente mais baixo, mas não deixa de ser impressionante – 34%. Esta projeção tem uma dupla leitura: Intenção de retoma e crescimento; Desencontro de competências, entre o que procuram os empregadores e as atuais competências de quem permaneceu no setor.

Com o intuito de esclarecer esta questão, o ManpowerGroup colocou duas questões aos profissionais do setor: Que funções são mais difíceis de preencher? Quais as competências comportamentais mais procuradas no retalho?

Como resposta à primeira questão, foram identificadas as funções de distribuição e logística (29%), bem como as de interação direta com o cliente (21%). Relativamente às competências comportamentais, os profissionais do setor identificaram o espírito colaborativo e trabalho de equipa (43%), bem como a capacidade de assumir responsabilidades, ser confiável e disciplinado (43%). 

O panorama atual representa uma oportunidade para o retalho se reinventar na sua capacidade de atração de talento, e a resposta passa por ser capaz de redesenhar as suas propostas de valor do empregador tendo em linha de conta o que pretendem os colaboradores. Os mesmos dizem procurar work life balance e pacotes salariais atrativos, não necessariamente focados em salários mais altos. Benefícios como seguros de saúde ou tempo de folga remunerado foram identificados. 

Quais as tendências atuais do setor de retalho que afetarão os níveis de empregabilidade, as competências mais procuradas e as preferências dos trabalhadores?

  1. Foco no last mile delivery eficiente, com custo reduzido e focado na experiência do consumidor;
  2. A utilização massiva de dados, para prever padrões de consumo e níveis de armazenamento;
  3. O estabelecimento de parcerias intraindústria e extraindústria que combinem as respetivas estratégias.

O retalho teve a capacidade de se transformar, e estas tendências deixam antever a criação de novos postos de trabalho no setor, que acrescentarão valor às organizações e que, por via das competências necessárias para os desempenhar, aumentarão a remuneração média sem prejudicar a sua competitividade, o que permitirá o upskilling dos profissionais, bem como aumentar a atratividade do setor para profissionais diferenciados."

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