quarta-feira, 16 dezembro 2020 14:50

APED apela a fim de medidas ineficazes

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) apela ao governo para que retire medidas de restrição ao retalho “sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública”. Refere-se concretamente à redução dos horários de funcionamento ao fim de semana, ao rácio de número de pessoas permitida em loja e à proibição da venda de álcool a partir das 20h.

 

Segundo a associação, “as sucessivas medidas de restrição impostas ao retalho estão a provocar danos nefastos ao setor e à produção nacional, com prejuízos avaliados em dezenas de milhões de euros e impacto considerável na estabilidade de mais de 100.000 postos de trabalho, quer do retalho alimentar quer do retalho especializado”.

Para o diretor-Geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, “está em causa não só a sustentabilidade do retalho como de um conjunto de setores da produção nacional, que estão a ser severamente condicionados no escoamento dos seus produtos”. “A produção nacional está a ser duplamente penalizada: pelos efeitos decorrentes da pandemia, mas sobretudo pela tomada de decisões do governo que se têm revelado inconsequentes em termos de contributo para a saúde pública, principalmente no que diz respeito aos horários do comércio”, diz.

A restrição dos horários de funcionamento dos espaços comerciais do Retalho Alimentar e Retalho Não Alimentar é uma das medidas que a APED aponta como equívocas e que – garante – “apenas têm causado constrangimentos aos consumidores e às empresas”. Para a associação, a decisão de alterar o horário de funcionamento dos espaços comerciais é “arbitrária, tomada sem uma evidência científica, que apenas veio causar dificuldades no planeamento das compras das pessoas e dificuldades acrescidas na gestão das lojas”.

“A restrição de funcionamento ao fim-de-semana apenas tem levado a maior aglomeração de pessoas, a uma corrida aos espaços comerciais, levando à existência de filas de mais de uma hora para entrar. Se se queria evitar ajuntamentos, esta foi uma medida de sinal contrário que poderia ser evitada com horários mais extensos e com o aumento do número de pessoas em loja, mantendo a segurança”, afirma Gonçalo Lobo Xavier.

Segundo a APED, associada à limitação de horários, a manutenção do rácio de pessoas em loja mais restritivo da Europa “agrava” a realidade vivida nos espaços comerciais. “Portugal continua a ter um limite de cinco pessoas por 100 metros quadrados, quando países como Espanha ou França, têm o dobro e são mais suaves nas medidas que impactam o comércio e a venda de bens essenciais. Esta condicionante torna-se ainda mais penalizante em dezembro, um período tradicionalmente importante e forte de compras”.

“Uma vez mais, é uma medida que revela pouca visão e pouco conhecimento da realidade vivida nos espaços comerciais. A passagem de cinco para 10 pessoas, como temos vindo a propor ao longo dos últimos meses, permitiria um maior tráfego em loja, com a mesma segurança e com maior possibilidade de terminar com as filas à porta das lojas. Os espaços comerciais têm todas as condições para receber mais pessoas com total segurança. Isso mesmo poderá ser confirmado pela Direção Geral de Saúde”, acrescenta o diretor-geral da APED.

A terceira medida nefasta apontada pela APED é a proibição da venda de álcool a partir das 20h. “A realidade demonstra que a limitação à aquisição destas bebidas nesta altura não tem qualquer ligação com a transmissão da pandemia e a definição de uma hora-limite para compra apenas contribui para gerar um aumento de tráfego inusitado nas lojas nesse período do dia com enorme prejuízo para o sector do vinho e das bebidas espirituosas que já estimam perdas acima dos 16 milhões de euros só com esta medida”, assegura a associação, em comunicado.

“Esta restrição é mais uma medida sem paralelo na Europa. É um exemplo crasso de como estão a ser tomadas medidas avulsas, sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública”, comenta Gonçalo Lobo Xavier. “Se no verão ainda se compreendia o racional – evitar os ajuntamentos se estavam a registar em espaços públicos -, a manutenção desta medida ao longo de todos estes meses, sem um enquadramento, sem um racional que a sustente, apenas está a levar ao agravamento dos prejuízos de setores tradicionais da nossa economia, como são o do vinho e espumantes, já fortemente penalizados pelos efeitos da pandemia”, alerta. “Não se percebe o que está por trás desta decisão. Saúde pública não será com certeza”, concretiza.

A APED reafirma, na nota, o “seu compromisso de ser uma parte ativa no combate à crise sanitária que o país enfrenta, como tem sido desse o início desta pandemia”. “Ao longo dos últimos meses tem demonstrado, das mais diferentes formas e canais de comunicação, a sua disponibilidade para contribuir para soluções adequadas que protejam a saúde dos consumidores e assegurem condições de sustentabilidade aos agentes económicos”.

 

Fonte: LPM

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